O mercado imobiliário brasileiro tem enfrentado um ritmo de mudanças constantes, refletindo o impacto de diversos fatores econômicos no comportamento dos preços de aluguel. Em setembro de 2024, o Índice FipeZAP, que acompanha o preço do aluguel residencial em 36 cidades brasileiras, registrou uma alta de 0,65%. Embora o aumento seja notável, ele marca uma desaceleração em relação aos meses anteriores, quando o índice apresentou variações maiores, como em junho (+1,43%), julho (+1,12%) e agosto (+0,88%).
Pela primeira vez desde 2021, o crescimento no valor do aluguel ficou abaixo da variação nos preços de venda de imóveis, que subiu 0,71% no mesmo período. Esse dado levanta questões importantes para quem investe em imóveis ou para quem está à procura de uma nova residência, seja para compra ou locação.
O que está por trás da desaceleração nos preços?
A desaceleração dos preços de aluguel em setembro é um ponto relevante para quem acompanha o mercado de locação, especialmente porque ocorre em um cenário onde as taxas de juros continuam elevadas. Isso tem impacto direto na demanda por compra de imóveis, uma vez que a aquisição de uma casa própria tem se tornado mais cara. Como resultado, mais pessoas procuram aluguel, o que normalmente levaria a um aumento nos preços de locação. No entanto, fatores como a maior oferta de imóveis disponíveis podem estar contribuindo para uma contenção desses aumentos.
Além disso, o comportamento de diferentes tipos de imóveis também influencia. Em setembro, por exemplo, as moradias de um dormitório tiveram um aumento mais acentuado (+0,76%), enquanto as de dois dormitórios subiram apenas 0,41%. Isso pode ser reflexo de uma maior demanda por unidades menores, devido a mudanças no perfil de moradia dos brasileiros, que buscam cada vez mais por soluções compactas e econômicas.
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Análise por Cidade: Onde os Aluguéis mais subiram e onde caíram
Entre as 36 cidades acompanhadas pelo Índice FipeZAP, 29 apresentaram aumento no valor do aluguel em setembro. Salvador se destacou com uma elevação expressiva de 3,67%, seguida por Porto Alegre (+2,62%) e Belém (+1,73%). Essas cidades registraram aumentos significativos, o que pode indicar uma forte demanda local por imóveis de aluguel, impulsionada por fatores regionais como economia e infraestrutura.
No entanto, nem todas as capitais seguiram essa tendência de alta. Algumas, como Aracaju (-2,62%), Rio de Janeiro (-0,22%) e Brasília (-0,27%), apresentaram queda nos valores de locação. Em Aracaju, por exemplo, o recuo expressivo pode estar relacionado a um ajuste natural após um período de forte valorização ou uma menor demanda, enquanto no Rio de Janeiro, fatores como a oferta elevada de imóveis para aluguel podem estar pressionando os preços para baixo.
Capitais com Maior Aumento em Setembro/2024:
- Salvador: +3,67%
- Porto Alegre: +2,62%
- Belém: +1,73%
- Fortaleza: +1,49%
- Teresina: +1,41%
Capitais com Queda no Preço do Aluguel:
- Aracaju: -2,62%
- Maceió: -0,11%
- Rio de Janeiro: -0,22%
- São Luís: -0,23%
- Brasília: -0,27%
Rentabilidade do Aluguel: Vale a Pena Investir?
Uma das principais questões para investidores imobiliários é a rentabilidade de alugar um imóvel. Em setembro de 2024, o retorno médio do aluguel residencial foi de 5,96% ao ano. Embora seja uma taxa atrativa para muitos, ela ainda fica abaixo das projeções de rentabilidade de aplicações financeiras de referência no Brasil.
Entre os imóveis de um dormitório, a rentabilidade foi ainda maior, chegando a 6,68% ao ano, o que faz desse tipo de unidade uma opção mais atraente para investidores que buscam maximizar o retorno. Já imóveis maiores, com quatro ou mais dormitórios, tiveram uma rentabilidade menor, de 4,69% ao ano. Isso sugere que, para investidores que visam a locação, as unidades menores podem oferecer um retorno financeiro mais interessante.
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Cidades com Maior Rentabilidade do Aluguel:
- Manaus: 8,25% a.a.
- Belém: 7,99% a.a.
- Recife: 7,71% a.a.
- Cuiabá: 7,51% a.a.
- Campo Grande: 7,46% a.a.
Panorama de 2024: Aluguéis Acumulam Alta de 10,90%
No acumulado do ano até setembro, o Índice FipeZAP de Locação Residencial registrou uma alta de 10,90%, bem acima da inflação oficial medida pelo IPCA/IBGE, que foi de 3,31% no mesmo período. Isso significa que, apesar da desaceleração recente, o mercado de aluguel ainda está bastante aquecido, e os preços vêm subindo de forma significativa em várias regiões do país.
Campo Grande lidera o ranking das cidades com maior aumento acumulado no ano, com impressionantes 32,19%, seguido por Salvador (+23,22%) e Porto Alegre (+21,94%). Já cidades como Maceió (+1,27%) e São Luís (+3,07%) tiveram variações mais modestas, o que pode indicar um mercado mais estável ou com menor pressão por demanda.
Preço Médio do Aluguel: Como Está o Valor do m² nas Capitais?
O preço médio do aluguel residencial no Brasil, considerando as 36 cidades monitoradas, ficou em R$ 47,05/m² em setembro de 2024. No entanto, essa média varia bastante de acordo com a localização e o tipo de imóvel.
São Paulo continua sendo a capital com o aluguel mais caro, registrando um valor médio de R$ 56,37/m². Florianópolis (R$ 53,83/m²) e Recife (R$ 53,14/m²) também estão entre as cidades com os preços mais elevados, refletindo uma alta demanda por imóveis nessas localidades.
Por outro lado, cidades como Teresina (R$ 21,81/m²) e Aracaju (R$ 25,50/m²) apresentaram os preços mais baixos, o que pode atrair pessoas que buscam opções mais acessíveis de moradia.
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Considerações Finais
O mercado de aluguel residencial no Brasil continua em expansão, apesar da desaceleração observada em setembro. Para investidores, imóveis menores têm se mostrado uma opção mais rentável, enquanto para locatários, o cenário é de preços ainda em alta, embora com variações significativas entre as regiões. Ficar de olho nas tendências do mercado pode ser a chave para aproveitar boas oportunidades, seja na hora de alugar ou de investir.