[2024] Raio-X FipeZAP: Perfil da demanda de imóveis

Se você está pensando em comprar, vender ou investir no mercado imobiliário, é importante entender como o cenário atual pode impactar suas decisões. A Pesquisa Raio-X FipeZAP do 4º trimestre de 2024 traz um panorama detalhado sobre o comportamento dos agentes desse mercado, revelando tendências que refletem tanto otimismo quanto cautela por parte dos consumidores. Vamos explorar os principais pontos destacados pela pesquisa para que você possa compreender melhor o momento atual e planejar seus próximos passos.

A queda na participação de Compradores e Investidores

O primeiro ponto que chama a atenção é a queda na participação de compradores no mercado. No último trimestre de 2024, apenas 10% dos respondentes declararam ter adquirido um imóvel nos últimos 12 meses , o que representa uma redução significativa em relação aos períodos anteriores. Essa retração não ocorreu por acaso. A pesquisa aponta que a percepção de que os preços estão “altos ou muito altos” cresceu consideravelmente, influenciando diretamente a decisão de compra.

Entre os que optaram por adquirir um imóvel, a preferência pelos imóveis usados continua sendo majoritária, atingindo um recorde histórico de 83% das transações . Esse dado reflete uma tendência consolidada no mercado: diante de valores elevados, muitos compradores optam por alternativas mais acessíveis, como imóveis já prontos e disponíveis para uso imediato.

Outro dado relevante é a queda na participação de investidores entre os compradores. Em 2024, apenas 36% das aquisições foram realizadas com intenção de investimento , contra uma média histórica mais alta. Entre esses investidores, a maioria (83%) pretende alugar o imóvel para obtenção de renda, enquanto uma pequena parcela (17%) busca revendê-lo. Isso demonstra que, mesmo entre os investidores, há uma postura mais conservadora, priorizando retornos estáveis e de longo prazo.

Para aqueles que não se enquadram no perfil de investidor, a principal motivação para a compra foi a intenção de moradia, com 71% dos compradores afirmando que pretendem morar no imóvel ou compartilhá-lo com alguém . Esse dado reforça a ideia de que, em tempos de incerteza econômica, as pessoas tendem a priorizar a segurança de ter um lar próprio.

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A retração na intenção de Compra

Além da queda no número de compradores efetivos, a pesquisa também revelou uma diminuição na intenção de compra para os próximos meses. No 4º trimestre de 2024, apenas 39% dos respondentes declararam intenção de adquirir um imóvel nos próximos três meses, um patamar próximo à média histórica da pesquisa (38%).

Esse recuo na intenção de compra está diretamente ligado à percepção de que os preços estão elevados. Quando questionados sobre suas preferências, os potenciais compradores se dividiram entre aqueles que buscam imóveis usados (45%), os indiferentes entre novos e usados (45%) e uma minoria que prefere exclusivamente imóveis novos (10%). Independentemente da escolha, a maioria (89%) afirmou que pretende usar o imóvel como moradia, reforçando a prioridade por estabilidade e segurança.

Investimentos Imobiliários em Declínio

Um dos aspectos mais impactantes da pesquisa é a queda expressiva na participação de transações classificadas como investimento. Ao longo de 2024, esse percentual caiu de 49% no início do ano para 39% ao final de dezembro. Esse movimento indica que menos pessoas estão vendo o mercado imobiliário como uma oportunidade lucrativa, possivelmente devido à combinação de preços elevados e retorno incerto.

Entre os investidores que permaneceram ativos, houve uma mudança significativa no objetivo das transações. Enquanto em janeiro/2024 apenas 59% buscavam alugar o imóvel, esse número saltou para 79% até o final do ano, um recorde na série histórica da pesquisa. Essa tendência sugere que os investidores estão adotando uma abordagem mais pragmática, focada em gerar renda regular através de aluguéis, em vez de apostar na valorização rápida do imóvel.

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Descontos nas Transações: Uma tendência em alta

Apesar da percepção de preços elevados, os dados mostram que os descontos continuam sendo uma realidade no mercado imobiliário. Após atingir um pico de 69% das transações com desconto em junho/2024, esse percentual oscilou negativamente no segundo semestre, encerrando o ano em 67%.

Quanto ao tamanho do desconto, houve uma leve redução ao longo do ano. Considerando todas as transações realizadas (com e sem desconto), o desconto médio negociado caiu de 8% em janeiro/2024 para 6% em dezembro/2024. Já quando analisamos apenas as transações que tiveram algum tipo de desconto, o percentual médio variou de 12% para 10% no mesmo período. Esses números indicam que, embora os descontos ainda estejam presentes, sua magnitude vem diminuindo gradualmente.

Percepção e Expectativas sobre os Preços

A percepção dos consumidores sobre os preços atuais é outro fator determinante para entender o comportamento do mercado. No 4º trimestre de 2024, 78% dos respondentes classificaram os preços dos imóveis como “altos ou muito altos” , um aumento significativo em relação aos 70% registrados no mesmo período de 2023 . Paralelamente, a parcela de pessoas que avaliou os preços como “razoáveis” caiu de 17% para 15%, enquanto a percepção de preços “baixos ou muito baixos” recuou de 4% para 2%.

No entanto, quando questionados sobre suas expectativas para o futuro, os respondentes demonstraram certo otimismo. O percentual de pessoas que projetavam um aumento nominal nos preços dos imóveis subiu de 37% no 4º trimestre de 2023 para 50% no mesmo período de 2024. Já a expectativa de manutenção dos preços atuais permaneceu estável em 23%, enquanto a parcela de pessoas que apostava em uma queda recuou de 11% para 9%. Em termos de variação esperada, a pesquisa estima uma alta nominal média de 3,4% nos preços dos imóveis nos próximos 12 meses.

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Um mercado em transformação

O ano de 2024 foi marcado por ajustes e reflexões no mercado imobiliário. A queda na participação de compradores e investidores, aliada à percepção de preços elevados, reflete um cenário de maior cautela por parte dos consumidores. No entanto, os descontos ainda presentes e as expectativas positivas para o futuro sugerem que o mercado está se adaptando a essa nova realidade.

Se você está pensando em entrar no mercado imobiliário, seja como comprador ou investidor, é fundamental estar atento a essas tendências. Avalie cuidadosamente suas necessidades e objetivos, considere as opções disponíveis e, acima de tudo, faça escolhas que estejam alinhadas com seu perfil e capacidade financeira. Afinal, o mercado imobiliário é um reflexo direto das condições econômicas e sociais do momento – e, como qualquer outra área, ele está em constante evolução.