A recuperação da intenção de compra de imóveis no Brasil traz novidades e sinais promissores para o mercado imobiliário. De acordo com a Pesquisa Raio-X FipeZAP do 3º trimestre de 2024, a intenção de compra de imóveis subiu para 42%, a maior taxa em quase dois anos. Com isso, surge um cenário que mistura expectativas de compradores, investidores e de quem vê no mercado de imóveis uma oportunidade de crescimento financeiro.
Este levantamento detalhado traz números, perfis de compra e investimentos, percepção sobre os preços, entre outros aspectos. Com uma alta de sete pontos percentuais desde o trimestre anterior, o crescimento da intenção de compra de imóveis parece indicar uma maior confiança dos consumidores e a vontade de concretizar o sonho da casa própria ou de ampliar os investimentos em patrimônio.
A Participação dos Compradores no 3º Trimestre
No último trimestre, 12% dos entrevistados afirmaram ter comprado um imóvel. Desses, a preferência por imóveis usados se manteve alta, representando 70% das aquisições. Essa escolha por imóveis usados, embora ligeiramente menor do que no trimestre anterior, ainda revela um padrão de compra consolidado e vantajoso para muitos. Afinal, imóveis usados costumam ser mais acessíveis, o que abre espaço para negociações de valores.
Entre esses compradores, houve uma diminuição na participação dos investidores, de 49% para 41%. Embora ainda representem uma parcela considerável, a queda no número de investidores indica uma transição no perfil de quem compra imóvel hoje no Brasil.
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Intenção de Compra: Em Alta e com Preferência por Usados
A pesquisa revelou que 42% dos entrevistados têm intenção de comprar um imóvel nos próximos três meses, superando a média histórica da pesquisa, que é de 38%. Dentro desse grupo, as preferências por tipos de imóveis mostraram uma divisão quase equilibrada: 46% preferem imóveis usados, outros 46% estão abertos tanto a usados quanto novos, e apenas 8% têm preferência exclusiva por imóveis novos. Esse panorama reforça o apelo do imóvel usado no mercado atual, especialmente para quem quer aproveitar preços mais acessíveis e mais opções.
Já em relação aos objetivos para a compra, 87% dos potenciais compradores planejam utilizar o imóvel para moradia própria. Somente 13% indicaram interesse em investir para obter retorno financeiro, um número baixo que se alinha à menor participação de investidores na compra efetiva de imóveis. Essa motivação para compra voltada à moradia está cada vez mais nítida e mostra a importância do imóvel como um bem essencial, especialmente com o recente aumento de ofertas de financiamento com condições acessíveis.
Investimento em Imóveis: Um Setor em Adaptação
A pesquisa FipeZAP registrou uma tendência de queda no percentual de investidores ativos no mercado de imóveis. Em setembro de 2024, as transações voltadas ao investimento estavam em 45%, menor do que a média histórica de 43%. Isso indica que o setor, embora ainda atraente para investidores, começa a enfrentar uma série de transformações.
Entre os investidores que ainda estão no mercado, 66% optaram por imóveis com o intuito de alugá-los, apostando na renda passiva. No entanto, para os demais, o objetivo de “morar com alguém” se tornou uma tendência forte, representando 76% dos respondentes. Essa mudança reflete o que o mercado já vinha indicando: o investimento em imóveis está cada vez mais ligado ao uso pessoal ou familiar, o que pode impactar a oferta de imóveis para aluguel.
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Descontos: Oscilação e Tendência de Queda
Os descontos nas transações imobiliárias vêm mostrando sinais de estabilidade após o pico de junho de 2024, quando 69% das compras incluíam alguma forma de desconto. Em setembro, esse índice caiu ligeiramente para 67%. Embora discreta, a queda sugere uma retomada gradual dos preços para um patamar mais próximo do valor de mercado.
Quanto ao desconto médio, ele também caiu levemente, de 8% para 7% ao longo do ano. Se olharmos apenas para as transações com desconto, essa média caiu de 12% para 11% no mesmo período. Essa redução, embora marginal, pode indicar que o poder de barganha dos compradores está mais equilibrado, refletindo uma adequação natural entre oferta e demanda.
Percepção dos Preços e Expectativa de Valorização
A percepção dos preços dos imóveis se manteve estável. Aproximadamente 72% dos entrevistados ainda consideram os preços “altos ou muito altos”. A porcentagem dos que acham os valores “razoáveis” subiu ligeiramente de 16% para 19%, enquanto os que consideram os preços “baixos” se mantiveram em 3%. Esses dados mostram que, embora haja uma pequena mudança de percepção, o valor dos imóveis continua sendo um ponto de análise e até de receio para muitos.
Para o próximo ano, a expectativa de valorização nominal dos imóveis continua positiva, com 40% dos respondentes acreditando que os preços vão aumentar. Este otimismo se alinha ao aumento da demanda e à manutenção de uma oferta relativamente estável. No entanto, a maioria espera que o crescimento nos preços se mantenha moderado, com uma expectativa média de alta de 2,5% para os próximos 12 meses.
A alta de 4,1% esperada pelos compradores recentes é a mais otimista, seguida por uma expectativa de valorização de 3,8% dos que já têm o imóvel há mais tempo. Por fim, os potenciais compradores preveem uma alta menor, de apenas 1,3%, demonstrando que há cautela entre os que ainda estão planejando uma aquisição.
Tendências e Considerações Finais
O mercado imobiliário brasileiro segue em um ritmo interessante e de recuperação. A intenção de compra de imóveis em alta, impulsionada pela melhora nas condições de financiamento e pelo maior interesse em propriedades usadas, é uma evidência de que a estabilidade econômica e as oportunidades de investimento ainda atraem muitos consumidores.
Para aqueles que desejam comprar ou investir, o cenário atual oferece boas perspectivas, mas é preciso considerar as oscilações de preços e as tendências de mercado. Investidores tradicionais podem precisar ajustar expectativas, pois a rentabilidade via aluguel é positiva, mas tem tido seu espaço reduzido. Já para o comprador focado em moradia, há um movimento de otimismo que torna o momento atrativo.
A pesquisa FipeZAP do 3º trimestre de 2024 oferece um panorama atualizado e útil para entender as nuances do mercado. Quem pretende comprar ou investir deve estar atento a essas tendências, seja para aproveitar boas condições de compra, seja para planejar melhor seu investimento. Em um setor marcado por transformações, acompanhar essas movimentações é essencial para fazer escolhas acertadas.