Se você está de olho no mercado de locação residencial — seja como investidor, corretor ou inquilino —, o último Índice FipeZAP traz sinais importantes de mudanças no comportamento dos preços de aluguel no Brasil. Depois de meses de aceleração, os dados de maio indicam um movimento de desaceleração no ritmo de alta, o que pode marcar uma inflexão na curva. Mas vamos por partes.
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Aumento, sim — mas com o pé no freio
O índice registrou alta de 0,59% em maio. Pode parecer pouco à primeira vista, mas é significativo considerando que em abril a alta havia sido de 1,25%. Esse abrandamento indica que o mercado começa a buscar um novo ponto de equilíbrio, após um ciclo de aumentos mais fortes.
E vale lembrar: o FipeZAP mede os valores de anúncios para novos contratos, ou seja, ele capta a realidade da oferta e demanda de forma mais sensível do que índices que consideram contratos vigentes.
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Quem puxou a fila?
As unidades com um dormitório continuam sendo o centro das atenções: tiveram uma alta de 0,85% no mês, enquanto imóveis maiores (com quatro ou mais dormitórios) até registraram leve queda de -0,01%. Essa preferência por imóveis menores pode ser explicada por diversos fatores: novos arranjos familiares, busca por praticidade, ou até a pressão por preços mais acessíveis — especialmente em grandes centros urbanos.
O retrato das capitais
Entre as 36 cidades monitoradas, 28 tiveram alta no mês. O maior destaque ficou com Campo Grande (MS), com um salto de +2,85%, seguida por Cuiabá (+2,56%) e Curitiba (+1,20%). São Paulo e Rio de Janeiro também avançaram, com +0,84% e +0,78%, respectivamente. Já Brasília foi na contramão, com recuo de -0,52%. No acumulado do ano (até maio), o índice já soma alta de 5,13%, mantendo-se acima da inflação medida pelo IPCA (+2,75%) e do IGP-M (+0,74%).
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A alta dos últimos 12 meses: um boom?
Olhar o acumulado de 12 meses revela um cenário ainda mais expressivo: o aluguel residencial teve valorização média de 12,03% — mais que o dobro da inflação oficial. Cidades como Salvador (+25,57%), Porto Alegre (+22,67%) e Belém (+18,29%) lideraram os aumentos. Mesmo em locais com menor pressão inflacionária, como Brasília (+1,34%), o mercado não ficou estagnado.
E o bolso do investidor? A rentabilidade do aluguel
Aqui está um dado que sempre chama atenção dos investidores: a rentabilidade média anual (rental yield) dos aluguéis residenciais foi de 5,93% ao ano em maio. É uma taxa sólida, ainda que inferior a alguns ativos financeiros de baixo risco.
O retorno é mais atrativo em imóveis menores: unidades de 1 dormitório rendem em média 6,73% a.a., enquanto aquelas com quatro ou mais dormitórios ficam em 4,87%. Dentre as capitais, Manaus é o destaque em rentabilidade, com 8,41% ao ano, seguida por Belém (8,35%) e Recife (8,26%).
Quanto custa alugar um metro quadrado hoje?
O valor médio de locação nas 36 cidades monitoradas ficou em R$ 48,96/m². Mas há grandes variações:
- São Paulo lidera, com R$ 60,96/m²;
- Belém, surpreendentemente, aparece em segundo lugar com R$ 58,24/m²;
- Já Teresina tem o menor custo, com R$ 23,65/m².
Imóveis de 1 dormitório também são os mais caros por metro quadrado: R$ 66,14/m², enquanto unidades com 3 dormitórios custam R$ 41,70/m² em média.
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O que os dados sinalizam para o futuro?
O mercado de locação residencial brasileiro está amadurecendo. A forte valorização nos últimos meses, sobretudo em cidades fora do eixo RJ-SP, mostra que há uma nova dinâmica em curso. E essa mudança se traduz não apenas em preço, mas em comportamento: famílias estão repensando o espaço que precisam, investidores estão mais atentos à rentabilidade, e o inquilino está mais exigente.
Por outro lado, a recente desaceleração no índice indica um respiro necessário. Afinal, aumentos muito rápidos não são sustentáveis — e podem até provocar rejeição do mercado.
Conclusão: o relatório de maio do FipeZAP é mais do que uma fotografia. Ele é um termômetro do desejo por moradia, dos movimentos econômicos locais e da dinâmica entre oferta e demanda. Para quem atua no setor, entender esses dados é transformar estatística em oportunidade.
Seja você corretor, investidor ou simplesmente curioso pelo setor imobiliário, uma coisa é certa: acompanhar o FipeZAP com atenção é acompanhar os passos da cidade e da economia.