Aluguel em alta: Como os preços dispararam no Brasil em 2025

Aluguel em alta: Como os preços dispararam no Brasil em 2025
Foto: Divulgação

O mercado de locação residencial no Brasil continua a mostrar sinais de aquecimento em 2025, com os preços de aluguel avançando em ritmo acelerado. De acordo com o mais recente relatório do Índice FipeZAP, divulgado em março de 2025, o valor médio dos aluguéis residenciais subiu 1,07% em fevereiro, marcando uma nova escalada em relação aos meses anteriores – dezembro (+0,93%) e janeiro (+0,96%).

Esse aumento reflete uma tendência de valorização que não apenas acompanha, mas em muitos casos supera, os principais índices de inflação do país, como o IPCA/IBGE (+1,31%) e o IGP-M/FGV (+1,06%). Neste artigo, exploraremos em detalhes os dados apresentados, analisando as variações regionais, os tipos de imóveis mais impactados, o desempenho acumulado no ano e nos últimos 12 meses, além de aspectos como preço médio e rentabilidade para investidores.

Uma Nova Aceleração nos Preços de Locação

Fevereiro de 2025 trouxe um cenário de alta generalizada nos preços de aluguel residencial, com 35 das 36 cidades monitoradas pelo Índice FipeZAP registrando valorização. Entre os tipos de imóveis, aqueles com quatro ou mais dormitórios se destacaram, com um aumento de 1,58%, enquanto as unidades de um dormitório apresentaram uma alta mais moderada, de 1,02%. Esse contraste pode indicar uma demanda crescente por imóveis maiores, possivelmente impulsionada por famílias que buscam mais espaço ou por um movimento de retorno às cidades após períodos de incerteza econômica.

As capitais das regiões Nordeste e Norte lideraram a valorização no período. Aracaju, com impressionantes +4,42%, seguida por Manaus (+3,49%) e Salvador (+2,82%), encabeçam a lista das cidades com maior alta mensal. Esses números sugerem que essas regiões estão vivendo um momento de dinamismo no mercado imobiliário, talvez influenciado por fatores como crescimento econômico local, aumento da população urbana ou investimentos em infraestrutura. Por outro lado, Brasília destoou do cenário nacional, registrando uma queda de 1,73% nos preços de locação – um dado que merece atenção e pode estar relacionado a questões específicas da capital, como sazonalidade ou ajustes no mercado após períodos de alta demanda.

VEJA TAMBÉM: Liberação do FGTS: O que muda no financiamento imobiliário?

O Primeiro Bimestre de 2025: Um Início Forte

Ao analisarmos o acumulado do primeiro bimestre de 2025, o Índice FipeZAP de Locação Residencial aponta uma alta de 2,04%, superando tanto o IPCA/IBGE (+1,47%) quanto o IGP-M/FGV (+1,33%). Esse desempenho reforça a percepção de que o mercado de aluguel está em uma trajetória ascendente, mesmo em um contexto de inflação mais controlada. Novamente, as capitais do Nordeste e Norte se destacam: Aracaju (+6,06%), Salvador (+5,45%) e Manaus (+5,19%) lideram as valorizações, enquanto Brasília registra uma queda de 2,63%, mantendo-se como a exceção no cenário nacional.

Essa tendência de alta no bimestre reflete não apenas a resiliência do mercado imobiliário, mas também a pressão sobre o custo de vida de milhões de brasileiros que dependem do aluguel. Para inquilinos, especialmente em cidades onde os preços dispararam, como Aracaju e Salvador, o impacto no orçamento familiar é evidente. Já para proprietários e investidores, o momento é de otimismo, com a valorização dos imóveis trazendo perspectivas de retorno financeiro.

LEIA TAMBÉM: Planejamento sucessório acelera com medo de alta no ITCMD

Um Olhar Sobre os Últimos 12 Meses: Valorização Expressiva

Quando ampliamos a análise para os últimos 12 meses, os números impressionam ainda mais: o aluguel residencial acumulou uma alta de 12,92%, bem acima da inflação medida pelo IPCA (+5,06%) e pelo IGP-M (+8,44%). Esse crescimento robusto evidencia que o mercado de locação tem se mostrado um dos setores mais dinâmicos da economia brasileira, resistindo a desafios macroeconômicos e mantendo uma trajetória de valorização consistente.

Mais uma vez, os imóveis com quatro ou mais dormitórios lideraram o aumento, com uma alta de 16,50%, enquanto os de três dormitórios cresceram 11,69%. Esse padrão sugere que a demanda por imóveis maiores continua forte, possivelmente impulsionada por mudanças no estilo de vida, como o aumento do trabalho remoto ou a busca por mais conforto em casa. Entre as capitais, Salvador se destaca com uma valorização extraordinária de 34,61%, seguida por Campo Grande (+25,80%) e Porto Alegre (+25,36%). Mesmo cidades com aumentos mais modestos, como Maceió (+3,88%), registraram ganhos, indicando que a alta é um fenômeno nacional.

Preço nédio do Aluguel: Disparidades e Tendências

Em fevereiro de 2025, o preço médio do aluguel residencial no Brasil, calculado com base em apartamentos prontos nas 36 cidades monitoradas, foi de R$ 47,47 por metro quadrado. Os imóveis de um dormitório, geralmente procurados por solteiros ou casais sem filhos, apresentaram o maior valor médio (R$ 63,54/m²), enquanto os de três dormitórios registraram o menor (R$ 40,56/m²). Essa diferença reflete a lógica do mercado: unidades menores, concentradas em áreas urbanas valorizadas, tendem a custar mais por metro quadrado.

Entre as capitais, São Paulo lidera com o preço médio mais elevado (R$ 59,19/m²), seguida por Recife (R$ 56,67/m²) e Belém (R$ 56,62/m²). No outro extremo, Teresina (R$ 22,30/m²) e Aracaju (R$ 25,41/m²) apresentam os valores mais acessíveis, apesar das fortes valorizações recentes. Esses dados mostram como o mercado de locação é heterogêneo, com preços refletindo tanto a oferta e a demanda locais quanto o perfil socioeconômico de cada região.

OLHA QUE INTERESSANTE: Cozinha com Bancada Ilha ou Península?

Rentabilidade do Aluguel: Um Investimento ainda atrativo?

A rentabilidade média do aluguel residencial, medida pela razão entre o preço de locação e o preço de venda dos imóveis, foi de 5,84% ao ano em fevereiro de 2025. Embora esse retorno seja positivo, ele está abaixo das projeções para aplicações financeiras de referência, o que pode gerar reflexões entre investidores. Imóveis de um dormitório oferecem o maior retorno (6,59% a.a.), enquanto os de quatro ou mais dormitórios têm o menor (4,80% a.a.), evidenciando que unidades menores são mais lucrativas no curto prazo.

Entre as capitais, Belém (8,41% a.a.), Manaus (8,39% a.a.) e Recife (8,12% a.a.) lideram em rentabilidade, tornando-se opções atraentes para quem busca renda passiva com aluguel. Já cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, apesar dos altos preços por metro quadrado, oferecem retornos mais modestos, possivelmente devido à valorização dos imóveis à venda, que eleva o denominador da equação.

Reflexões Finais: O que esses Números nos dizem?

O avanço de 1,07% nos preços de locação em fevereiro de 2025, somado ao desempenho acumulado no bimestre e nos últimos 12 meses, pinta um quadro de um mercado imobiliário aquecido, mas com nuances regionais e segmentadas. Para os inquilinos, especialmente nas capitais do Nordeste e Norte, o aumento dos aluguéis representa um desafio crescente em um cenário de inflação persistente. Para investidores, o momento é de análise cuidadosa: embora o retorno do aluguel seja positivo, ele compete com alternativas financeiras mais líquidas.

Por trás dos números, há histórias humanas – famílias ajustando orçamentos, jovens buscando o primeiro lar, proprietários planejando o futuro. O mercado de locação residencial, mais do que uma estatística, é um reflexo das dinâmicas sociais e econômicas do Brasil em 2025. E, enquanto os preços seguem em alta, fica a pergunta: até onde essa tendência vai nos levar?

Artigos Relacionados:

Leia também