Na última quarta-feira, 7 de maio de 2025, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou um novo aumento na taxa básica de juros, a Selic, que subiu 0,5 ponto percentual, atingindo 14,75% ao ano. A decisão, voltada para conter a inflação persistente, gera preocupações sobre seus impactos na economia brasileira, com reflexos diretos no setor imobiliário, um dos pilares do crescimento econômico e da geração de empregos.
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O Contexto da decisão
A elevação da Selic ocorre em um cenário global e doméstico desafiador, com pressões inflacionárias impulsionadas pela alta nos preços de commodities e pela volatilidade cambial. O Banco Central busca ancorar as expectativas inflacionárias, mas o Brasil, que já possui o quarto maior juro real do mundo, enfrenta desafios ampliados por essa política monetária restritiva. Juros elevados encarecem o crédito, impactando consumidores, empresas e o setor público.
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Efeitos em cascata na Economia
Juros mais altos aumentam o custo de financiamentos, desestimulam o consumo e limitam investimentos produtivos. Esse impacto reverbera em cadeia: pequenos negócios enfrentam barreiras para acessar capital, enquanto grandes empresas adiam planos de expansão. Estudos do Banco Central indicam que um aumento de 1 ponto percentual na Selic pode elevar a dívida pública bruta em mais de R$ 50 bilhões por ano, reduzindo a margem para investimentos em áreas estratégicas e pressionando as contas públicas.
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Impactos no Setor Imobiliário
O setor imobiliário, essencial para a economia brasileira, é diretamente afetado pelo encarecimento do crédito. A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) manifestou preocupação com o ciclo de altas na Selic, alertando que juros elevados comprometem o acesso à moradia, dificultando a realização do sonho da casa própria para milhares de famílias. O crédito imobiliário mais caro reduz a demanda por imóveis, impactando incorporadoras, construtoras e toda a cadeia produtiva associada, como fornecedores de materiais de construção e serviços.
O mercado de imóveis novos e usados sente a pressão, com queda na procura por financiamentos habitacionais. Além disso, projetos de desenvolvimento imobiliário podem ser adiados ou cancelados, já que o custo do capital para incorporadoras também aumenta. Esse cenário ameaça a retomada do setor, que vinha se recuperando após anos de desafios.
Reflexos no mercado de trabalho e nas empresas
Os efeitos da Selic alta são evidentes no aumento dos pedidos de recuperação judicial, que seguem elevados em 2025, após um recorde em 2024. Janeiro registrou 162 solicitações, o maior número para o mês desde 2005, um aumento de 8,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Mesmo com uma leve queda em fevereiro, o volume permanece acima da média de 2023, refletindo as dificuldades enfrentadas por empresas, incluindo aquelas do setor imobiliário e da construção civil.
O mercado de trabalho também sofre. A redução na demanda por imóveis leva a cortes em contratações e, em alguns casos, ao fechamento de postos de trabalho. Setores como construção civil e varejo de materiais de construção, que dependem de crédito acessível, enfrentam dificuldades para manter o ritmo de crescimento, comprometendo a recuperação econômica.
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O Caminho para o equilíbrio
Embora o controle da inflação seja uma prioridade, a continuidade de uma política monetária restritiva pode agravar os desafios estruturais do Brasil. É crucial que o governo e o Banco Central explorem alternativas para mitigar os efeitos da Selic alta, como incentivos fiscais para o setor imobiliário e programas que facilitem o acesso ao crédito habitacional. Reformas que promovam a eficiência do setor público e reduzam a pressão sobre a dívida pública também são fundamentais para criar um ambiente mais favorável ao crescimento.
Um Futuro Desafiador
A elevação da Selic para 14,75% reflete a complexidade do momento econômico. Enquanto o combate à inflação é necessário, os custos de uma taxa de juros elevada impactam diretamente o setor imobiliário, um dos motores da economia brasileira. O desafio é encontrar um equilíbrio que proteja o poder de compra, garanta a saúde financeira das empresas e impulsione o crescimento sustentável. Para o setor imobiliário, a retomada dependerá de medidas que estimulem a demanda por imóveis e reduzam as barreiras impostas pelo crédito caro, assegurando que o Brasil volte a crescer sem comprometer o acesso à moradia.